É mês de Julho, mês que nós já ficamos em um ritmo muito mais agitado, cantado, murmurando aquelas cantigas, as musiquinhas repetitivas, aquele...Ah, não se comemora em Julho? É em Junho? Pois saiba que tem gente que festeja até em Agosto! Folguedo no Brasil é assim mesmo, não tem hora e nem lugar. Todo dia é dia, toda a hora é hora. A desculpa é sempre representada pela expressão ¨fora de época¨.E se é assim, vamos cair na brincadeira, vestir a pior roupa do trocador e, não satisfeitos, acrescentar remendos mil! Passar a tesoura, desfiar, despentear o cabelo, descombinar cores, vestir roupas curtas, pintar a cara, cariar os dentes... PARE! Pense ou melhor, pinte: onde há pessoa assim sobre a face da terra? Resposta clara: não existe essa pessoa. É personagem fictício, invenção. Veja a obra prima que construímos, ou talvez só tenhamos recebida como presente (de grego). Quando crianças é assim que aprendemos, desde cedo, que o colono, caipira é sinônimo de traste, mau vestido, grosseirão, burro, ignorante e outras palavras que vem da nossa ignorância própria.Melhor seria se romper-se-mos a tela dessa pintura pitoresca, e víssemos a pessoa humilde, astuta, bondosa que existe atrás do quadro, espremida na parede pela massa opressora. Ver a real imagem do caipira, aquele de Monteiro Lobato, o Jeca Tatuzinho. O que vemos nas festas juninas, julianas, agostinas que seja! é um enlatado como muitos outros fabricados da indústria da mídia para vender adoidado.Só que devemos dar um upgrade no nosso esteriótipo interiorano: te convido a ligar no Canal Rural e ver se é um baile junino. Assista e comprove o contrário: não há ninguém de dentinho podre! Tem sim gente humilde e muito bem apessoada. Nesse canal, só para ter idéia, tem até colunista social!!Em entrevistas eles aparecem modernos, bonitos, com boa qualidade de vida, empresários, batendo recordes na agricultura, puxando os erres com curso superior completo. Ai é outro ponto chave: esse negócio de que falar com erres fortes, ou engolindo alguns fonemas, trocando algumas letras é errado não está com nada! Falando em linguagem, o que importa é estabelecer comunicação tão pouco a beleza da pronúncia. Erro por erro, pranta por pranta, frauta por frauta, frecha por frecha, já foram pronunciados e escritos por Luiz de Camões – poeta de Os Lusíadas. Não satisfeito, leitor? Veja um exemplo internacional: o inglês britânico e o estado-unidense. As palavras do inglês estado-unidense são considerado por muitos (principalmente pelos ingleses) como um inglês de caipira, de interior, pois algumas palavras se transformaram ao atravessar o atlântico. E nem por isso são descriminados.Deixando a minha mensagem e reflexão: não quero bancar o chato, o certinho, o dono da verdade amigos, mas ao menos quando for festejar a caráter lembre-se que você está fazendo um papel que não existe ou melhor nunca existiu. Brinque, ria, divirta-se por si só, mas lembre-se: estará fazendo papel de palhaço.
Texto produzido por Jeison Cleiton Pandini para a disciplina de Português a pedido da professora Luiza Liene Bressan.